terça-feira, 27 de março de 2012

Calvinismo
Calvinismo marca a segunda fase da Reforma Protestante, quando as igrejas protestantes começaram a se formar, na seqüência da excomunhão de Martinho Lutero da Igreja Católica romana.
O Calvinismo é tanto um movimento religioso protestante quanto uma ideologia sócio-cultural com raízes na Reforma iniciada por João Calvino em Genebra no século XVI.

A teologia de Calvino parte de uma errônea compreensão do ensino agostiniano: confunde a ênfase dada à graça, necessidade de sua disputa contra a heresia que exagerava o papel do livre-arbítrio, com a negação deste último pela sustentação daquela. Pensa Calvino que a teologia de Santo Agostinho é a mesma sua, que a doutrina do grande Bispo de Hipona nega, como ele, a liberdade, o que não é verdade. As obras agostinianas falam mais da graça, explicitam que é dela mesmo o primeiro movimento para a justificação (e não só a resposta divina à fé humana, como pensariam os semi-pelagianistas), mas em momento algum ensinam que o homem não tem livre-arbítrio. Para concluir essa idéia herética, Lutero e, principalmente, Calvino precisaram distorcer as sentenças do santo, tira-lás de contexto e ignorar sumariamente os trechos em que ele defende explicitamente a liberdade humana. O pensamento de Agostinho é radicalmente oposto ao de Calvino: "Com efeito, se o homem não dispusesse de vontade livre, tanto seria injusto o castigo como o prêmio." (De libero arbitrio., lb. II , cap. 1, n. 3)

Além disso, nenhum dos Padres da Igreja (nem Agostinho) pode ser interpretado isoladamente. A Tradição da Igreja, em seu contexto, apóia a graça, não obstante também o livre-arbítrio.

Anglicanismo


A Igreja Anglicana, em especial, não surgiu como essencialmente oposta ao papado enquanto doutrina, mas sim ao poder que o Santo Padre exercia nos seus domínios. Daí o famoso Ato de Supremacia – em 1534 o Parlamento inglês declarou Henrique VIII "Senhor da Igreja da Inglaterra".

As Igrejas da Comunhão Anglicana reclamam validade da sua Sucessão Apostólica. Quando a Igreja da Inglaterra rompeu com Roma, no séc. XVI, manteve a estrutura episcopal por meio de sagrações válidas, mesmo que ilícitas. Até então a nascente Igreja Anglicana continuava aderindo as normas doutrinais e litúrgicas católicas. Não obstante, graças ao fortalecimento do espírito anti-romano, que abria espaço, propositalmente, a teologia protestante, a Igreja da Inglaterra entrou num processo de declínio e empobrecimento Tradicional. No reinado do Rei Eduardo VI mudanças radicais foram feitas na sagração episcopal. Com a estruturação do "Edwardian ordinal" – louvado por clérigos que eram simpáticos à compreensão protestante de ministério - a Igreja da Inglaterra perdeu a validade da sua sucessão apostólica, já que a houve a corrupção da forma e da intenção sacramental. O novo Ordinale pretendia conferir a graça sacramental por meio da expressão "receive the Holy Spirit" apenas. Não havia qualquer referência ao sacerdócio, sacrifício, ou a consagração das sagradas espécies. Ficava característica a ausência do sentido Sacerdotal da ordem - Sacerdos in æternum – e do sacerdócio sacrificante. Posteriormente, um século depois, lideranças conservadoras dentro do anglicanismo, preocupadas com a deficiência da forma, reformaram o Ordinale, acrescentando a expressão "for the office and work of a priest". De todo o modo já era tarde, todos os Bispos válidos já tinham saído de cena, a partir desse momento o problema não era só de forma e intenção, mas também de ministro; só restavam Pastores, e também Sacerdotes, com sagrações, e ordenações, sem qualquer legítima validade. Entretanto, vale frisar que, desde os anos 30, Bispos Vétero-Católicos – que têm a Sucessão Apostólica reconhecida por Roma – participaram ativamente das cerimônias de sagração episcopal anglicanas, as concelebrando.